sábado, junho 09, 2007

Há Muito Tempo Atrás - Tomo I

- Neville? - uma voz amiga pergunta.
- Ah! Alejandro! Estive esperando por você! Frankstein não veio? - o Corista responde.
- Não. Está demasiadamente ocupado com algumas outras coisas.
- A bela donzela Margareth, eu presumo. - um palpite para confirmar o óbvio e um sorriso de seu amigo confirmou - Descobriu alguma coisa?
- Infelizmente nada. Trouxe algumas Rotinas novas para ver se conseguimos descobrir a palavra-chave. Algumas não me agradam, mas precisamos tentar de tudo, não é? - o espanhol abria alguns vários pergaminhos na mesa de pesquisa. - ela continua normal?
- Sim, aparentemente. - e ambos olham para a pedra.
Ela tem uma aparência hexagonal, cabe na palma da mão e é perfeitamente segura. É vermelha, nada de espetacular, mas emana uma energia diferente de seu interior, algo que qualquer um poderia sentir, afinal, foi apenas graças aos parentes de Alejandro que a pedra foi extraída daquela criatura horrenda.
- E a outra Alejandro? Conseguiu descobrir algo? - indagou Neville.
- Nada também. Sua aparência é verde, poderíamos chamá-las de Esmeraldas, o que você acha?
- Acho interessante. Algum nome em especial?
- Não sei, precisamos descobrir de onde elas vieram primeiro.
Durante um tempo, os dois amigos trabalham em silêncio, preparando o ritual que foi dado para Alejandro por uma Verbena muito simpática e divertida. Um círculo desenhado com carvão e alguns desenhos em uma língua que nenhum dos dois conhecia, o que não era problema, afinal de contas, a Verbena divertiu-se muito as custas de Alejandro e o ensinou perfeitamente a fazer o ritual. Antes de buscar a cabra que deveria ser oferecida, Alejandro virou-se com uma cara de preocupação para Neville:
- Ouvi rumores, meu amigo. Temo pela sua segurança.
- O que foi?
- Você tem se envolvido com forças exteriores?
- Duvidando de minha índole!? Como ousa? Somos amigos há anos! - ofendido, esbravejou o Corista.
- Neville, isso está te consumindo. Eu e Frankstein estamos preocupados. Você tem se envolvido com o Rei do Feudo ao lado? Você conhece sua natureza não?
- Claro que conheço! Aquele demônio insolente! Mais de uma vez insistiu uma conversa.
- Mesmo? A respeito do que?
- Diz ele que tem algo que me interessa. Que sabe o que eu estou fazendo por aqui.
- Conhece sua natureza? Se for um daqueles malditos traidores eu vou...
- Não! Ele não é bruxo. Disso eu sei! - se enrola por um momento o Corista
- Como você sabe, Neville? - uma cara de surpresa escondendo a satisfação pelo seu amigo não
conhecer a Esfera Mente.
Por um momento, Neville fica quieto, sabendo que agora teria que contar suas negociações com o vampiro, tenta adiar o momento o máximo possível até que, finalmente, solte um suspiro e resolve falar:
- Ele também tem uma pedra, Alejandro. E é branca. Ele disse estar demasiadamente interessado nesse assunto e fez pesquisas bem pertinentes. Eu já tinha ouvido falar dele há muito tempo atrás. Ele, aparentemente, já foi um Artífice da Vontade como nós.
- Um bruxo! Um Tremere! Neville, seu segredo pode lhe custar a vida, meu amigo!
- Não! Já disse que ele não é um bruxo! Ele é completamente diferente, não tem poder mágiko algum. Ele parece ser uma boa pessoa, deveríamos trabalhar junto com ele.
- Impossível, Neville! Impossível negociar com esses seres vis! Acabamos de sair de uma guerra
contra alguns deles e olha o que aconteceu com a nossa Ordem!
- Vocês apenas estão afundando em seu próprio orgulho, Alejandro. A cobiça tem desviado seus caminhos há muito tempo.
Por um momento Alejandro ficou quieto, sabia da exatidão das palavras de Neville e, portanto, sabia que não tinha argumentos contra isso. Pondo a mão na testa e dando um suspiro, resolveu perguntar:
- E os seus companheiros? Os outros Coristas?
- Eles não precisam saber o que eu estou fazendo.
- Neville, eles sabem. Os boatos que eu ouvi foram proferidos por um de seus colegas.
- Como!? Não é possível! Como eles podem saber?
- Para quem você contou, além de mim, o vampiro e Frankstein?
- Ninguém! Não contei para ninguém!
- Eu e Frankstein também não contamos, só pode ter sido o vampiro!
- Impossível, Alejandro! Eu já disse que ele é uma boa pessoa! Pare de insistir!
- ELE É UM MONSTRO, NEVILLE! UM MONSTRO! UMA PRAGA!
- Esse seu pensamento bestial provém de sua família Alejandro, não permito que fale dele desse
jeito!
- Volte a si Neville! Você está dominado por ele!
- Nunca! Eu nunca sucumbiria aos poderes de um ser das trevas! EU SOU A LUZ!
Por um momento, ambos ficam em silêncio. Alguns segundos que mais parecem uma eternidade se passam, até que Alejandro resolve quebrar o silêncio:
- Neville, continue a sua pesquisa sem mim. Não irei fazer parte disso. - recolhendo seus pergaminhos e deixando apenas a Rotina da Verbena, Alejandro começa a sair.
- Espere, Alejandro! Não vá! Precisamos terminar isso juntos!
- Eu tentei te ajudar Neville. Juro que tentei! Mas você está se aliando com seres das trevas!
Acredito que você talvez saiba o que está fazendo, mas eu não posso tomar parte disso, continuarei as pesquisas com a minha Esmeralda sozinho.
- Está com medo Alejandro? Tem medo de tentar? Tem medo de falhar?
- Neville... Miguel Despertou.
- Ele...? Quando?
- Recentemente. Eu até tentaria e falharia junto com você, meu amigo. Porém, a minha família vem em primeiro lugar. Não posso me arriscar a deixar meu filho sem orientação nesse momento.
Neville desvia o olhar do rosto de Alejandro e se vira de costas:
- Você está certo.
- Neville, eu não queria lembrar-te da sua...
- Tudo bem, Alejandro. Vá. Você está certo.
- Boa sorte Neville, se eu descobrir alguma coisa eu te conto.
- Frankstein está com você nessa decisão?
- Sim, meu amigo.
- Entendo. Adeus, Alejandro.
- Adeus e boa sorte.
Dizendo isso, o Hermético definitivamente sai do calabouço onde Neville conduzia seus experimentos, este continua a estudar em seus inúmeros livros procurando uma resposta.
O Corista para e começa a chorar. Primeiro a família e agora os amigos, provavelmente essa busca iria acabar lhe tirando a vida.
... ... ... ...
Alguns dias antes: - Margareth, descobri algo.
- Diga.
- Neville tem negociado com seres das trevas, provavelmente um vampiro.
- Bruxos?
- Provável.
- Certo.
Enquanto a bela dama com seu vestido verde ia andando em direção a sua casa, o Alquimista ficava para trás com um sorriso no rosto.

Um comentário:

Cássia Piccinin disse...

Ai, ai... *suspira*

As congruências...!
As congruências auspiciosas!! \-__-/