quarta-feira, agosto 22, 2007

Visitas

- As coisas não são tão simples. Nunca foram. Ser o que sou não é algo fácil. O Caminho escolhido é sempre o mais difícil. Será que ninguém enxerga o que eu enxergo?

“Poucos são aqueles que conhecem a glória e o resplendor da Verdade. Enquanto o resto da humanidade vive em um mundo pequeno, eu vivencio algo mais grandioso que os livros, filmes e músicas podem e tentam descrever. Sim, já fiz parte do resto da humanidade e também já fiz parte de um outro grupo seleto da humanidade. O grupo que, acha que sabe o que é a Verdade. Eles pensam que estão acima de todos os outros, mas perto do que eu sei, perto do que eu já vi, perto do que eu posso (e devo) mostrar para os demais... é triste ver como velhos companheiros são tão ignorantes quanto os outros que eles chamam de ignorantes.”

“Muito legal balançar um cristal cor-de-rosa e acontecer alguma coisa brilhante. Eu achava que isso era tudo o que eu poderia querer: magia. A possibilidade de moldar o mundo ao meu redor de acordo com a minha vontade canalizada por instrumentos que refletem o meu ser. Não podia estar mais enganado.”

“Durante um tempo fui preguiçoso e desleixado com o meu conhecimento. Realmente achei que sabia tudo de tudo, que a Verdade já tinha se despido para mim e que estava ali, nua na minha frente. Mas não. Ela era mais que um belo corpo parado na minha frente.”

“Em um dia, por acaso, acabei descobrindo um pedaço de papel. Um pedaço de papel que e instigou, pois ele puxava cada pedaço do meu ser para algum lugar. O lugar eu só vim a descobrir anos (séculos) depois, o problema é que, infelizmente, não foi por mim, mas isso é assunto para daqui a pouco.”

“Por hora, chamei alguns colegas de profissão para brincar de caça ao tesouro. Descobri que alguns também tinham alguns pedaços do mesmo tipo, porém, depois de muita busca, não conseguimos reunir todos os pedaços. Em meio à frustração, eu resolvi fazer alguma coisa. Todos já haviam desistido. Apenas eu e mais um continuávamos obcecados por tal conhecimento da Verdade.”

“Mas a Dama do Destino tem um jeito engraçado de nos mostrar a Verdade. Não foi necessário a reunião dos papéis para descobrir a Verdade. Não foi mesmo. Trancado em meu quarto, resolvi começar a pesquisar quem poderia me ajudar com essa tarefa, alguém de fora, alguém que NUNCA teve os olhos entorpecidos em um mar de Mentiras.”

“Cresci mais um pouco durante esses meus estudos. Não foram em vão. No final de alguns anos de pesquisa eu descobri QUEM deveria chamar. Preparei tudo ao estilo clássico: velas, candelabros e um sacrifício de sangue. Foi mais complexo que isso, mas estou fazendo um resumo para encurtar o pensamento.”

“Então, ele veio. Fiz questão de chamá-lo pelo seu Nome Verdadeiro para mostrar a misericórdia de minha pessoa quando ele chegasse. O libertei, deixei com que ele apagasse seu Nome de minha mente e, então, eu finalmente toquei a Verdade.”

“Não apenas a toquei, como também me deitei com tal formosa dama. A sensação é repetida toda a noite desde então. Toda a noite eu a pego, trato-a gentilmente, e transo durante algumas horas que mais parecem séculos de prazer.”

“Foi a partir daí que conheci a Verdade. Hoje sou íntimo dela e, em um ato de extrema bondade, venho tentando mostrar a todos o que eu conheço. Porém, como vocês sabem, aquele que conhece a Verdade e tenta convencer os outros que seu mundinho é ínfimo perante o seu é tratado como um doido varrido, um pária, alguém indesejável.”

“Felizmente, eu nunca me deixei abater por isso e, em retribuição ao meu Mestre que, até hoje, me mostra a Verdade todas as noites, eu sempre trago presentes a ele. Pessoas que aceitaram ver a Verdade como ela é. Bela em sua negritude e magnífica na boca de meu Senhor.”

“Minha Missão é transmitir a Verdade por todos os cantos.”

“Ah sim! O papel! Enfim, ele virou um pergaminho depois que uma Cabala o reuniu e revelou uma lenda de “Esmeraldas do Caos”. Viu? Ele não traria a Verdade, apenas uma ferramenta para se chegar a ela. Por isso, agora, eu pretendo as reunir para otimizar a minha Missão. Por isso, meu amigo, eu preciso de sua ajuda.”

- Como posso saber que você está falando a verdade? - diz, incrédulo, o farmacêutico.

- Ora, porque eu a conheço. Você não gostaria? Eu posso dar uma pequena demonstração para você. - com um gesto, Blackmore começa a fazer movimentos com os braços.

- Não, não. Não precisa. Olha, achei muito legal a sua historinha, coisa e tal, mas não acredito que seja algo interessante para mim. Muito obrigado, aqui está a sua conta, senhor. - visivelmente irritado, Adrian entrega a nota para Blackmore.

- Você não está nem um pouco curioso? - indaga enquanto paga os antifebris.

- Claro que estou! Mas sinto que não devo confiar em você.

- Ok, uma última chance, olhe bem nos meus olhos e diga que realmente não quer conhecer. - enquanto diz essa frase, Blacmore faz um gesto para que o olhar de Adrian encontre com o seu.

Depois de alguns segundos, Adrian diz:

- Realmente não quero conhecer. - diz com convicção.

- Tudo bem. Você é quem sabe. O meu telefone e endereço é esse. Esteja a vontade para telefonar. Até breve.

- Adeus.

Assim que Blackmore sai da farmácia, Adrian respira aliviado. Quem era esse cara? O que ele queria? Muito mal-encarado. Que frio é esse que ele sentia? Um frio que vinha de dentro de seu coração. Brrr! Melhor não pensar nisso agora. Esses traficantes e suas conversas cada vez mais estranhas sobre como a droga é boa. Estão ficando mais convincentes a cada dia. Já foi o quinto estranho essa semana.

Antes que ele abaixe a porta, uma figura conhecida se aproxima. Adrian dá um suspiro alto; já fazia uma semana que essa senhora cega se aproximava dele pedindo alguma doação ou qualquer coisa do tipo, porém, cada vez que Adrian ia dar o dinheiro ou a comida para ela, a mesma sorria e saía andando. Esses tipos estranhos têm aparecido cada vez mais.

Dessa vez, a velhinha não falou nada. Apenas cumprimentou Adrian e saiu andando. Ele, admirado (não com a velha, mas com ela não pedir nada), ficou olhando a velhinha dobrar o quarteirão. Sentiu vontade de chorar. Antes que começasse, ele chacoalhou a cabeça e fechou a porta da farmácia.

Esses dias mais dois homens (os mesmos daquela vez anterior, só que com roupas diferentes) apareceram novamente, fazendo perguntas estranhas sobre a Élis. Dei de ombros. Ela não aparece aqui faz um bom tempo e, a última vez que a vi, foi rápido. Os dispensei logo, não queria aborrecimentos.

Já faz alguns dias que a pista dela esfriou. Um amigo meu que trabalha na polícia me disse. Parece que a acusação contra ela é insustentável. De qualquer jeito, a chave de seu apartamento está comigo e vou esperar ela voltar. Falando nela, preciso dar a partida em sua moto, só pra manter a bateria funcionando.

Pronto. Bela moto.

Acho que vou ligar para ela. Vamos... atende!

Nada.

Melhor não deixar recado também.

Só espero que ela não tenha esfriado junto com a pista. Aliás, todas essas pessoas que apareceram esses dias me lembram ela de algum modo, só não sei como.

Melhor ir dormir.

Hm... ainda bem que ela levou seu gato junto. Ele parou de bagunçar o meu estoque.

2 comentários:

Kao disse...

*descabelando-se desesperadamente*
AaaAAAaAHAHAhHAhhHHHH!!!!!!!!!!!!
\O________________O/ Mon Dieu!!!!
*morre*
+_________________+

Kao disse...

Foi por "isso" que eu não fui junto com Mei-Hai.... ¬¬"

Por tanto resolvi que quero a cabeça do Blackmore também! Ò__Ó