Trancado em sua sala, a figura sombria vestida com capa preta, coturno preto, calça jeans preta e camisa branca examina um espelho que se localiza ao lado de sua escrivaninha. Este espelho tem a borda dourada de uma maneira... vermelha? Que seja, um dourado rubro envolve os ornamentos circulares da borda do espelho que tem cerca de 2 metros de altura. Finalmente, a figura do espelho muda de seu reflexo para algo mais... perturbador. Algo que seria incompreensível para as mentes humanas normais, algo que tem duas cabeças, cada uma com três línguas, o que torna o seu nome impronunciável e incompreensível. Curiosamente, apesar do tamanho do espelho, nota-se que a criatura tem bem mais do que os dois metros apresentados, de qualquer jeito, a pele rubra e os seis dedos com garras em cada mão já são o suficiente para amedrontar.
Sem citar o olhar penetrante e... bondoso?
Imediatamente que a figura surge no lugar de seu reflexo, Blackmore faz uma reverência desdenhada, já não era mais necessário, afinal, a serventia já tinha se transformado em uma sólida amizade (seja lá o que isso quer dizer) e os encontros passavam a ser cada vez mais informais.
- Com sede Milorde? - Blackmore pega uma taça e enche com um líquido vermelho e viscoso - Acabei de comprar da “quitanda”.
A criatura ri e bebe um gole do cálice, parece ter gostado.
- Então, alguma novidade?
- Certo, mas faz quanto tempo?
- Como? Ah sim! Claro! Que cabeça a minha! O tempo por aí é diferente, que seja, eu não entendo dessas coisas.
- Não, não peguei.
- É, eu sei, eles conseguiram juntar.
- E o que diz? Você conseguiu ver?
- Certo... preparei algumas coisas. Bayta recebeu e tem hospedado em sua casa o corn... digo, noivo da Mei-Hai e sua antiga amiga.
- Claro que os matarei.
- Não, não esqueci da prioridade, meu Senhor. E Dominic? Alguma notícia?
- Hm... mas isso vai dar algum problema? Acho que não.
- Jodi? Está triste pelos cantos. Não consegue entender como aquele Cultista a trocou por aquela sem sal da Mei-Hai, sinceramente, eu também não consigo entender.
- Você não concorda? Jodi é infinitamente mais bela que aquela oriental. Particularmente falando: eu não tenho o mesmo gosto que John Lennon, lembra dele?
- Sério? Como ele está?
- Foi o que eu pensei. Diga-me: alguma informação sobre Vincent Law? Fiquei sabendo que ele se envolveu em um confronto com alguns Tecnocratas na Índia.
- Fico aliviado.
- Claro que sim! Tenho um carinho por ele. Ele e Dominic. O problema é que todos eles não entendem o meu ponto de vista, mas isso é só uma questão de tempo.
- É... eu sei disso. Mas não é motivo para guardar rancor, é?
- Você acha?
- Também a acho muito bonita, qual o nome dela mesmo?
- Isso, Élis.
- Não, não. Ainda fico com as minhas meninas. Pai coruja.
- Ah sim! Conseguiu achar aquele outro aprendiz do Vincent? Aquele do nome estranho...
- Isso! Esse mesmo!
- Nem mesmo você?
- Estranho.
- Aquela pedrinha engraçada... será que ainda tá naquele castelo?
- Como? Então eles foram lá? Insanos!
- Claro que tenho!
- Covardia, não. Prudência!
- Tá, tá, tá. Ha, ha, ha! Blackmore covarde. Muito engraçado.
- ...
Depois de ouvir alguns desaforos amigáveis de seu Lorde, Blackmore sentou, tomou um gole e começou a pensar, depois de alguns segundos, ele fala:
- Será que o pergaminho tem algo a ver com aquelas pedrinhas engraçadas?
- É uma idéia.
- Essa é outra idéia.
- Essa última é uma idéia também, impraticável, mas é uma idéia.
- Claro que tenho! Dois metros e meio e duzentos quilos de puro músculo guardando os portões daquele castelo, todos sabendo quem eu sou. É, ou não é, para se ter medo?
- Hm... aí a história é outra. Conte mais.
- ...
- ...
- ...
- ...
- Não é perigoso? Não gostaria de me arriscar assim.
- Bom... vamos ver.
- Farei isso.
- Até mais.
Dando uma saudação estranha, o Ser se retira e o reflexo de Blackmore volta a imperar no espelho.
Blackmore pega seu velho telefone de disco e liga para Bayta.
- Bayta?
- Sim?
- Tudo bem?
- Tudo, e com você?
- Melhor agora.
- Eu não sou a Jodi, pai. Não cairei nos seus galanteios.
- Enfim, O Sr. Feng e a Sra. Fu estão por aí?
- Sim, estão, por que?
- Diga que eu sei onde está Mei-Hai, que se eles quiserem vê-la é bom estarem aqui em cinco minutos.
- Tudo bem, devo ir junto?
- Não... é perigoso.
- Tá...
- Bayta.
- Sim...?
- Não fique triste.
- Mas eu queria ir...
- Terá outras oportunidades, tá bem?
- Tá...
- Mesmo? Tudo bem?
- Sim, sim. Tudo bem.
- Ok, querida. Te vejo mais tarde?
- Talvez. Tchau. - desliga o telefone.
Blackmore toma mais um gole e passa a mão em sua testa, cansado de ter com lidar com as criancices de suas meninas...
Falando nisso... será que Callia e Judith conseguiram achar o Cowboy?
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