terça-feira, junho 26, 2007

Os Três Malandros

Trancado em sua sala, a figura sombria vestida com capa preta, coturno preto, calça jeans preta e camisa branca examina um espelho que se localiza ao lado de sua escrivaninha. Este espelho tem a borda dourada de uma maneira... vermelha? Que seja, um dourado rubro envolve os ornamentos circulares da borda do espelho que tem cerca de 2 metros de altura. Finalmente, a figura do espelho muda de seu reflexo para algo mais... perturbador. Algo que seria incompreensível para as mentes humanas normais, algo que tem duas cabeças, cada uma com três línguas, o que torna o seu nome impronunciável e incompreensível. Curiosamente, apesar do tamanho do espelho, nota-se que a criatura tem bem mais do que os dois metros apresentados, de qualquer jeito, a pele rubra e os seis dedos com garras em cada mão já são o suficiente para amedrontar.
Sem citar o olhar penetrante e... bondoso?
Imediatamente que a figura surge no lugar de seu reflexo, Blackmore faz uma reverência desdenhada, já não era mais necessário, afinal, a serventia já tinha se transformado em uma sólida amizade (seja lá o que isso quer dizer) e os encontros passavam a ser cada vez mais informais.
- Com sede Milorde? - Blackmore pega uma taça e enche com um líquido vermelho e viscoso - Acabei de comprar da “quitanda”.
A criatura ri e bebe um gole do cálice, parece ter gostado.
- Então, alguma novidade? - Certo, mas faz quanto tempo? - Como? Ah sim! Claro! Que cabeça a minha! O tempo por aí é diferente, que seja, eu não entendo dessas coisas. - Não, não peguei. - É, eu sei, eles conseguiram juntar. - E o que diz? Você conseguiu ver? - Certo... preparei algumas coisas. Bayta recebeu e tem hospedado em sua casa o corn... digo, noivo da Mei-Hai e sua antiga amiga. - Claro que os matarei. - Não, não esqueci da prioridade, meu Senhor. E Dominic? Alguma notícia? - Hm... mas isso vai dar algum problema? Acho que não. - Jodi? Está triste pelos cantos. Não consegue entender como aquele Cultista a trocou por aquela sem sal da Mei-Hai, sinceramente, eu também não consigo entender. - Você não concorda? Jodi é infinitamente mais bela que aquela oriental. Particularmente falando: eu não tenho o mesmo gosto que John Lennon, lembra dele? - Sério? Como ele está? - Foi o que eu pensei. Diga-me: alguma informação sobre Vincent Law? Fiquei sabendo que ele se envolveu em um confronto com alguns Tecnocratas na Índia. - Fico aliviado. - Claro que sim! Tenho um carinho por ele. Ele e Dominic. O problema é que todos eles não entendem o meu ponto de vista, mas isso é só uma questão de tempo. - É... eu sei disso. Mas não é motivo para guardar rancor, é? - Você acha? - Também a acho muito bonita, qual o nome dela mesmo? - Isso, Élis. - Não, não. Ainda fico com as minhas meninas. Pai coruja. - Ah sim! Conseguiu achar aquele outro aprendiz do Vincent? Aquele do nome estranho... - Isso! Esse mesmo! - Nem mesmo você? - Estranho. - Aquela pedrinha engraçada... será que ainda tá naquele castelo? - Como? Então eles foram lá? Insanos! - Claro que tenho! - Covardia, não. Prudência! - Tá, tá, tá. Ha, ha, ha! Blackmore covarde. Muito engraçado. - ...
Depois de ouvir alguns desaforos amigáveis de seu Lorde, Blackmore sentou, tomou um gole e começou a pensar, depois de alguns segundos, ele fala:
- Será que o pergaminho tem algo a ver com aquelas pedrinhas engraçadas? - É uma idéia. - Essa é outra idéia. - Essa última é uma idéia também, impraticável, mas é uma idéia. - Claro que tenho! Dois metros e meio e duzentos quilos de puro músculo guardando os portões daquele castelo, todos sabendo quem eu sou. É, ou não é, para se ter medo? - Hm... aí a história é outra. Conte mais. - ... - ... - ... - ... - Não é perigoso? Não gostaria de me arriscar assim. - Bom... vamos ver. - Farei isso. - Até mais. Dando uma saudação estranha, o Ser se retira e o reflexo de Blackmore volta a imperar no espelho. Blackmore pega seu velho telefone de disco e liga para Bayta. - Bayta? - Sim? - Tudo bem? - Tudo, e com você? - Melhor agora. - Eu não sou a Jodi, pai. Não cairei nos seus galanteios. - Enfim, O Sr. Feng e a Sra. Fu estão por aí? - Sim, estão, por que? - Diga que eu sei onde está Mei-Hai, que se eles quiserem vê-la é bom estarem aqui em cinco minutos. - Tudo bem, devo ir junto? - Não... é perigoso. - Tá... - Bayta. - Sim...? - Não fique triste. - Mas eu queria ir... - Terá outras oportunidades, tá bem? - Tá... - Mesmo? Tudo bem? - Sim, sim. Tudo bem. - Ok, querida. Te vejo mais tarde? - Talvez. Tchau. - desliga o telefone.
Blackmore toma mais um gole e passa a mão em sua testa, cansado de ter com lidar com as criancices de suas meninas...
Falando nisso... será que Callia e Judith conseguiram achar o Cowboy?

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