Em Londres, um estranho visitante anda pelo centro da cidade. Jovem, atlético e com um ar respeitável, ele anda chamando a atenção dos desatentos olhares ingleses. Suas vestimentas, embora belíssimas, não combinam com o cenário onde ele se encontra, se estivesse em Nova York talvez, mas não em Londres. Não na cinzenta Londres.
Por um momento encara uma porta de madeira. Uma porta antiga, desbotada e caindo aos pedaços, nada digno de chamar a atenção de ninguém, muito menos de alguém. Mesmo assim ele a encara, como que se depois dos 5 degraus de mármore desgastado e aquela madeira antiga escondessem algo.
Sobe os degraus e bate na porta. Um velho atende e encara o rosto de um olho só:
- Sim? - com um certo desdém.
- E... e... eu est... est... estou procura... procurando Mei-Hai. - o gaguejar é flagrante.
- Outro? Você já é a segunda pessoa atrás dela, por acaso está junto com a velha que chegou agora a pouco?
- V... v... velha?
- Sim, uma chinesa, como você, ela entrou não faz nem 10 minutos, de qualquer forma, o que deseja? - levemente irritado.
- Con... con... conversar com a v... v... velha, p... p... p... por favor.
- Entre.
Depois de passar por uma curta sala, simples, com apenas uma cadeira e uma mesa, o oriental se depara com uma construção bela e até majestosa para um lugar tão pequeno, uma espécie de mini-catedral indiana atrás de um casebre de porta feia. Impressionante.
Mal entra e já vê quem procura. A velha oriental está saindo pela porta de um lugar que parece ser uma espécie de “diretoria”, com cara de poucos amigos, ela o encara e diz em sua língua natal:
- Venha.
Algo nela dizia que ele deveria fazer o que diz. Uma mistura de medo, respeito e lembranças confusas, de qualquer jeito, ele a seguiu para fora. Com passos firmes, a velha se distanciou um pouco da construção e começou a andar mais calmamente, em mandarim, iniciou uma conversa:
- Você não mudou nada Feng, continua o mesmo de 300 anos atrás, ainda trabalhando com alquimia? - junto com essa frase ela faz um movimento rápido e brusco, sem ter tempo de revidar, Feng já tem sua garganta atingida por um golpe rápido da velha. Engraçado. Sem dor.
- Por que me atacou!? - se espanta por um momento e sente algo diferente no ar e em sua voz, ele não gaguejava mais.
- Eu tenho a mesma idade que você Feng e, ainda assim, estou um passo a sua frente. Essa é a nossa principal diferença.
- E eu te conheço por acaso, velha? - com um desdém típico de sua personalidade real.
- Outra vantagem para mim Feng. Eu lembro de você, lembro de seu pai, da sua mãe, lembro de seus movimentos, de sua alquimia, eu o conheço em cada detalhe, eu sei de seus segredos e que sua alquimia não funciona com fogo. E, apesar de já ter me conhecido mais intimamente que ninguém jamais conheceu, você não sabe nada sobre mim.
A mente de Feng estava confusa. Seria ela Mei-Hai? Resolveu arriscar o palpite:
- Mei-Hai?
A velha apenas o olhou de uma maneira que ele podia sentir sua mente revirando de maneiras conturbadas, alguns segundos de dor e a figura de uma bela jovem invocada treinando ao lado de sua noiva, chorando sobre o corpo inerte de seu mestre, o grande Chen Xu, em seguida um sorriso dessa garota, ao lado de Feng, com o busto nu, denunciando uma noite feliz. De repente, tudo voltava a tona:
- Fu... é você? Como... quero dizer...
- Eu nunca me apeguei a minha forma jovem Feng, ao contrário de você que sempre quis permanecer jovem e belo para sua noiva, de qualquer jeito, você está atrás dela, caso contrário não estaria seguindo o rastro de Mei-Hai tanto tempo.
- Sim... e como você... - espantado pela terceira vez no dia.
- Sempre um passo a sua frente, Feng, sempre estive, sempre estarei. - um suspiro rápido e um olhar triste - E ela sempre um passo a frente do meu.
- Você sabe para onde ela foi? - indaga o jovem.
- Não, seu rastro acaba aqui. Aliás, não se deve confiar nunca nesses malditos magos da morte. Impossível ter alguma ajuda deles.
- Para onde vamos então?
- Eu sei para onde. - uma terceira voz vindo de um beco qualquer surge, assim que a voz se aproxima da luz, uma belíssima jovem de cabelos negros e olhos profundamente... amarelos? De qualquer jeito, ela sabia de algo que eles não sabiam e eles se sentiam profundamente inclinados em estabelecer diálogo.
- Diga. Quem é você? - rispidamente a velha diz.
- Calma, devagar. Primeiro: gostariam de ouvir uma música? - enquanto sacava o violino ela é interrompida pela velha:
- Já percebi seu truque no olhar, não vai ser um instrumento feio desses que irá me pegar garota, diga logo quem é você e o que quer!
- Calma Fu - diz Feng - deixa que eu converso com a garota. - virando-se para a morena - Diga, por favor, onde podemos encontrá-la e daremos a recompensa que você quiser.
- Um gentleman. Gosto disso. Meu nome é Bayta e garanto que também tenho assuntos a tratar com Mei-Hai. Recentemente ela atravessou a Película com um grupo de Magos e eu garanto que ela voltará em breve, por enquanto gostariam de me acompanhar em um chá?
- E por que não vamos atrás dela? - indaga Fu.
- Por que não é seguro, minha cara. Ela foi com um grupo consideravelmente grande, todos inclinados a ajudarem-na. Refaço o convite, vamos?
- Claro! - Feng entusiasmado.
- ... - Fu contente.
As três figuras, uma antiga e jovem, uma jovem e contemporânea e uma velha e contemporânea seguem em direção ao subúrbio da cidade tomar chá e conversar um pouco.
terça-feira, maio 29, 2007
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Um comentário:
Eu não sou cachorro, não!~♪
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