quarta-feira, janeiro 23, 2008

Mesmo Bar

Entrei no bar pela porta da frente, como já fiz em várias épocas passadas.

Cópias das cópias das cópias. Era tudo o que eu via: um mar de clichês usados exaustivamente: barman mal-encarado, tipinhos mal-encarados, algumas putas, mesas de bilhar... aquele típico bar sujo onde pessoas sujas e...

Merda, meu relógio tá apitando feito pata no cio. Tem alguma coisa de errado por aqui.

Sinto que Juliana aciona algum dos instrumentos dela e passa um scan pelo bar todo, infelizmente, eu não fui o único que senti seu movimento e seu aparelho. Metade do bar havia se levantado.

Pensei que Guello poderia chegar agora, ele ia adorar essa festinha. Sem saber (ou não), o moleque tinha se enfiado numa porcaria de covil de vampiros! Agora é tarde. O que era pra ser apenas uma investigação vai virar um banho de sangue.

Antes que eu pudesse sacar a minha arma, Juliana já havia sido derrubada por alguns e eu estava sozinho. Não sou de rezar, mas bem que Deus poderia vir a calhar e mandar um reforço inesperado, ou, pelo menos, um tempo pra eu pensar.

E, como se eu fosse atendido (um clichê nessas horas), aparece, envolta em sombras, uma mulher latina, fazendo movimentos estranhos com as mesmas sombras já citadas. Acho que ela esperava que aquilo fosse me assustar de alguma forma, essa parecia das antigas, sentia isso. Ela se aproximou, agora sem mexer as sombras e com uma cara de frustrada. Pelo menos esse prazer eu teria, mal ela sabia que as coisas que eu vi, lutei, conversei e até fiz amizades no Universo Profundo faziam coisas muito mais estranhas e sem sentido que isso.

Eu fui um explorador espacial Tecnocrata, fui um herói da União durante a Segunda Guerra, eu e mais três companheiros sozinhos banimos três cabalas inteiras de Nefandi, ela não é nada perto do que eu já vi.

Entretanto, eu estou desarmado e sozinho contra um bar inteiro. Existe uma linha muito fina entre a coragem e a estupidez.

Ela apenas ri para mim e eu recebo uma pancada na nuca.

Não funcionou. Recebo mais duas, a terceira, uma coronhada.

Agora sim.

Nenhum comentário: